// Tecnopolíticas da vigilância: perspectivas da margem
5 de dezembro de 2018O livro Tecnopolíticas da vigilância: perspectivas da margem, que acaba de ser lançado pela coleção Estado de Sítio da Editora Boitempo. Organizado por Fernanda Bruno, Bruno Cardoso, Marta Kanashiro, Luciana Guilhon e Lucas Melgaço, o livro contempla os resultados das pesquisas e dos debates promovidos pela Rede Latino-Americana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade (Lavits), que opera, desde 2009, como um importante núcleo de reflexão do Sul global sobre as práticas e as instâncias da vigilância.
Mais sobre o livro
A edição traz ainda textos traduzidos para o português de autores renomados no âmbito internacional das discussões sobre vigilância, entre eles o clássico “Big Other: capitalismo de vigilância e perspectivas para uma civilização de informação”, da professora da Harvard Business School Shoshana Zuboff. O livro analisa tanto o desenvolvimento de novas formas de vigilância e controle quanto a experimentação de resistências e subversões que dialogam com elas.
O desenvolvimento tecnológico em torno da captação, do processamento, do armazenamento e da correlação de dados produziu novas formas de vigiar e ser vigiado. Desde as câmeras de vigilância, o rastreamento de compras e as operações algorítmicas nas tecnologias digitais até o uso de chips e drones, as teias da vigilância se alastram, tornando-se não somente temidas, mas também banalizadas, naturalizadas e muitas vezes desejadas.
A obra está dividida em quatro partes: “Governamentalidade e neoliberalismo”, na qual autores renomados como Rodrigo José Firmino e a já mencionada Shoshana Zuboff discutem as implicações do uso de dados obtidos por máquinas de vigilância na esfera pública; “Cultura da vigilância”, em que os artigos se debruçam nos efeitos da hiperexposição do “eu” em mídias sociais; “(In)visibilidades”, tendo o uso de drones como principal tema e uma entrevista com o arquiteto e urbanista Paulo Tavares sobre a dimensão forense da arquitetura; e “Tecnoresistências”, que reúne casos em que as novas tecnologias são subvertidas para outros fins, como o mapeamento do espaço urbano e a conexão entre movimentos sociais.
O livro está disponível em livrarias pelo país e no site da Boitempo aqui
Sobre os organizadores
Fernanda Bruno é doutora em Comunicação, com pós-doutorado na Sciences Po, em Paris. Professora do programa de pós-graduação em Comunicação e Cultura e do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenadora do MediaLab.UFRJ, pesquisadora do CNPq e membro-fundadora da Rede Latino Americana de Estudos em Vigilância, Tecnologia e Sociedade (Lavits).
Bruno Cardoso é doutor em Ciências Humanas, professor do programa de pós-graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, coordenador de pesquisas efetivo do Núcleo de Estudos de Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU – IFCS/UFRJ) e membro da Rede Latino-Americana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade (Lavits).
Marta Mourão Kanashiro é pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde atua como coordenadora do programa de pós-graduação do Laboratório de Jornalismo (Labjor) e professora colaboradora do programa de pós-graduação em Sociologia (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas). Atuou como visiting scholar no Surveillance Studies Centre, da Queen’s University, no Canadá, desenvolvendo pesquisas na área de monitoramento de dados pessoais e vigilância, temas de seus trabalhos desde 2001. Suas pesquisas também abrangem internet, cibercultura, ativismo e redes sociais, vigilância e privacidade, sociologia da tecnologia e comunicação da ciência.
Luciana Guilhon é psicóloga, psicanalista e doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Lucas Melgaço é professor adjunto do Departamento de Criminologia da Vrije Universiteit Brussel (VUB) em Bruxelas e doutor em Geografia Humana pela USP e pela Universidade de Paris 1 – Panthéon Sorbonne (cotutela). Tem pós-doutorado pela VUB, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e também junto ao Surveillance Studies Centre, da Queen’s University, no Canadá. Tem se dedicado a traduzir e apresentar a teoria do géografo brasileiro Milton Santos ao mundo anglófono; é editor chefe da revista Criminological Encounters.