EXPULSIÓN: Cartografias del desplazamiento
31 de janeiro de 2018![](http://2018.medialabufrj.net/wp-content/uploads/2018/01/foto-1-1024x682.png)
Antiga floresta comunal no território Shuar, agora cercada como propriedade privada da empresa chinesa Ecuacorriente. (autonoma / Paulo Tavares, agosto de 2017).
O projeto Expulsión investiga o processo de deslocamento forçado de comunidades indígenas na Cordillera del Condor, território ancestral do povo Shuar, devido a expansão massiva da fronteira extrativista na região.
Localizada no sul do Equador, junto a divisa com o Peru, a Cordillera del Condor é um território de características únicas, marcado por extrema biodiversidade e alto índice de espécies endêmicas, muitas ainda desconhecidas.
Durante os últimos dez anos vários projetos de mega-mineração a céu aberto foram instalados na região, processo que tem sido caracterizado pela despossessão brutal de terras das comunidades locais, sistemáticas violações de direitos humanos, e destruição ambiental em larga escala.
![](http://2018.medialabufrj.net/wp-content/uploads/2018/01/foto2-1024x683.jpg)
Trabalhos de escavação do projeto Mirador, Cordillera del Condor, dezembro de 2017 (autonoma / Paulo Tavares). Atualmente, as concessões mineiras (em trâmite ou aprovadas) cobrem mais de 10% do território Equatoriano.
Expulsión agrega uma série de evidências cartográficas e documentais para demonstrar como a repressão política às comunidades que resistem a expropriação de seus territórios constitui um elemento central da expansão da fronteira extrativista na região.
![](http://2018.medialabufrj.net/wp-content/uploads/2018/01/foto-3-1024x368.png)
Evolução do projeto Mirador entre 2013 e 2017 visto por satélite (autonoma)
Para visibilizar este conflito, a investigação se debruça sobre três dos maiores projetos de mega-mineração na Cordillera del Condor. Cada um eles encontra-se em uma etapa distinta de implementação, ilustrando vários estágios de avanço da fronteira extrativista. Mas todos compartilham a dinâmica violenta da expulsão em diferentes níveis, escalas e temporalidades: expulsão dos minerais da terra, da floresta e seus habitantes; expulsão da memória destes territórios, através da destruição de sítios arqueológicos indígenas; e, enfim, expulsão das comunidades – humanas e não humanas – que são forçadas a deslocar-se por conta da violência do Estado ou pela destruição ambiental tóxica causada por estes empreendimentos.
![](http://2018.medialabufrj.net/wp-content/uploads/2018/01/fotoooo-1024x768.jpg)
Raul Sanchez, antigo morador da região de Tundayme, sobre os escombros da antiga casa de seus pais, demolida por forças estatais em dezembro de 2015 (autonoma / Paulo Tavares, Janeiro de 2016).
Colaboradores
O projeto Expulsión é uma iniciativa da agência autonoma, uma plataforma de investigação dirigida pelo arquiteto e urbanista Paulo Tavares. Expulsión é desenvolvido em colaboração com uma série de organizações civis e movimentos sociais no contexto da “Comissão pela Verdade e Justiça para a Natureza e os Povos”, uma comissão da verdade cujo propósito é documentar as violações de direitos humanos e da natureza cometidas no Equador em situações de conflito ecológico durante a última década.
O produto final do projeto será utilizado como evidência para esta comissão e outros casos jurídicos em cortes nacionais e internacionais. Em Janeiro de 2018, resultados preliminares da investigação foram incorporados como perícia dentro da ação legal para reparação das comunidades deslocadas que está sendo promovida pelo agência de advocacia humanitária INREDH – Fundación Regional de Asesoría en Derechos Humanos. www.autonoma.xyz
![](http://2018.medialabufrj.net/wp-content/uploads/2018/01/fot7-300x225.jpg)
Esq: Exposição dos mapas para a comunidade shuar de Twintza, durante oficina de socialização dos impactos da mineração realizada pelo coletivo Minka Urbana e Associação Shuar Arutam (autonoma / Paulo Tavares, dezembro de 2017).
![](http://2018.medialabufrj.net/wp-content/uploads/2018/01/foto-6-300x225.jpg)
Domingos Ankwash, liderança Shuar, explicando os impactos do projeto Mirador (autonoma / Paulo Tavares, dezembro de 2017).
Expulsión também conta com a colaboração dos coletivos Minka Urbana e Geografia Crítica, da associação CASCOMI – Acción Social Cordillera del Cóndor Mirador; e da organização Acción Ecológica.
Expulsión é apoiado pelos projetos Lavits / MediaLab – Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Forensic Architecture, Goldsmiths – Universidade de Londres.
O apoio do MediaLab.UFRJ / Fundação Ford ao projeto durante o segundo semestre de 2017 foi essencial para consolidar a primeira etapa da investigação, oferecendo suporte a pesquisa remota e investigação de campo. Foi realizada uma compilação robusta de evidências acerca do caso, que numa segunda etapa será analisada e trabalhada em diferentes mídias, online e impressa. O apoio do MediaLAb também foi decisivo para realizar uma viagem de campo para a Amazônia Equatoriana, que contou com pesquisa de arquivos e dezenas de entrevistas com impactados, advogados e representantes de organizações de direitos humanos do Equador.
Em março de 2018 será realizado no MediaLab.UFRJ, Rio de Janeiro, uma apresentação dos resultados do projeto Expulsión.
Coordenação: Paulo Tavares, (FAU-UnB)
Equipe: Adriano Belisário, pesquisador do Medialab/UFRJ e mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.